sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Diferença

O vi apenas duas vezes, foi na universidade. Só tive tempo de lhe perguntar “Por que, pra que você faz isso?”. Ele me respondeu o suficiente dizendo, “Por amor a arte, por meio dela somos capazes de tudo, principalmente transformar a realidade”.
Ele estava fazendo sua maquiagem no banheiro masculino. Cara branca. Bigode desenhado. Bolinhas vermelhas nas bochechas e mais alguns detalhes que não lembro. Ele se preparava para sua performance. Passaram alguns minutos e ele estava pronto.
Saiu do banheiro com suas vestes circenses. Lembrava um palhaço. Mexeu com um, mexeu com outro. Daí a pouco entrou em uma das salas.
Foi impressionante ver como ele conseguiu atrair os olhares com sua atitude. Certo tumulto tomou conta da cena. Todos queriam ver, ouvir e entender o que aquele alguém, com toda aquela estranheza fazia ali.
Tudo que pude perceber fora o entusiasmo das pessoas, eu estava em aula. Assisti a tudo pela janela de vidro que emoldurava a cena. Soube depois que ele discursara sobre algo que tinha haver com ecologia.
O que me chamou atenção foi seu método. Por que se vestir daquela forma? Por que uma atividade itinerante? Seria algum projeto? Pensei nisso por longo tempo. Não cheguei a qualquer conclusão. Esta foi a primeira vez que o encontrei.
Coincidência ou não, a segunda vez foi no mesmo dia. Circular. Dei de ombros com ele. “Opa! Desculpa.”, dissemos. Em minha cabeça ecoaram os pensamentos que outrora dominaram minha mente. Perguntei. Por que? Pra quê? “Por amor a arte, por meio dela somos capazes de tudo, principalmente transformar a realidade”. Apenas estas palavras. Tínhamos que descer do ônibus. Isto feito, eu fui pra um lado e ele para o outro.
Então me dei conta da grandiosidade de sua ação. Tudo foi respondido. A estranheza era preciso pra causar impacto, chamar atenção. Não se trata de um projeto... coisa acadêmica, mas de um projeto de vida. Por isso itinerante. Para que possa levar sua mensagem aos mais diversos lugares.
É isso que o Brasil e o mundo precisam, de alguém que faça diferente e faça diferença, que faça com amor. Porque, este sim, é capaz de transformar a realidade.
Com iniciativas como esta seria mais fácil arrumar a casa. A casa que digo é o país. Fugir do que é ordinário, tendo um propósito que não o dinheiro. Talvez seja esta a saída para levar educação, saúde e segurança a quem não dispõe destas primariedades da vida social.

Émille Araújo.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Sufoco

Em ritmo de copa...
O jogo estava de 2x1. Já era final do segundo tempo quando liguei a televisão e comecei a assistir a emocionante disputa entre Itália, atual campeã mundial e única seleção com possibilidade de alcançar o Brasil no número de títulos na copa; e Eslováquia, disputando a primeira copa como país independente.
Estes começaram sua história do futebol mundial em grande estilo. O jogo já estava praticamente decidido quando o último gol esloveno foi marcado, já depois dos 43 do segundo tempo. Mas, eis que surge um italianinho e renova as esperanças do time, gooool da equipe azul. O jogo tava pra acabar, menos de 5 minutos para o apito final, já era a prorrogação.
Os eslovenos estavam em desespero, tentavam prender a bola nos pés de qualquer jeito. Jabulani não podia chegar à pequena área do goleiro Jan Mucha, nem tampouco balançar a rede. Agora, encostados no placar, os guerreiros italianos partiram para cima dos estreantes, que, a cada minuto, agradecia em pensamento não sofrer o gol de empate, o qual classificaria a Azzurra.
A Eslováquia não esperava mais esse sufoco no final da partida. Os jogadores suavam frio na expectativa de ouvir o silvo do juiz apontando o centro do campo. Mas o comando daquele, que anda com os cartões no bolso e o apito na boca, era justo.
Não tinha jeito, ele decidiu mesmo acabar o jogo no tempo que determinou. Até lá, os últimos 3 minutos pareciam não ter fim, era mais fácil chegar a 52 do que a 50, quando acabou o jogo. Tentou-se de todo jeito colocar o tempo pra correr. Foi substituição, queda nas divididas, mas não adiantava. Os eslovenos não são deuses, não podiam controlar o tempo, o grande poderoso aqui é o juiz.
Surge, neste cenário cercado de tensão a última oportunidade da seleção tetracampeã de 2006. É... Não houve muitas mudanças de lá pra cá. A bola percorre uma trajetória perfeita no lançamento, os pés daquele, que pode ser nome do jogo e redentor da nação italiana, alcançam a bola. Um toque. A equipe do banco de reservas, treinador, preparador físico, todos já corriam para o abraço, o gol era evidente. A tão famosa bola da copa 2010 tinha que entrar. Mas, a comemoração foi adiada, por pelo menos quatro anos. Ele chutou para fora e se desesperou ao ver Jabulaaaaani cruzar a linha de fundo.
Canavarro ainda perguntou em gestos, “quanto tempo?”. Não dá mais, o juiz que após os acréscimos foi controlando todas as paradinhas no relógio, apitou o final do jogo no tempo que ele determinou. De um lado, comemoração e pulos de alegria, é um feito histórico. Do outro, choro e faces desoladas, que pareciam não crer na derrota. É assim que a Itália sai de campo e dá adeus ao campeonato.

Émille Araújo.

domingo, 4 de abril de 2010

Pelos olhos de um homem

Chico falou sobre mulheres,

por que eu não posso falar sobre homens?

Nunca pensei que pudessem existir tão belas pernas torneadas, pareciam esculpidas a mão. Flutuavam uma por entre outras em um dançado harmonioso.

Nunca pensei haver tão lindas costas, tatuagem abaixo do pescoço, sol e lua a sorrirem entrelaçados.

Nunca pensei que pudesse haver tão lindas mãos, pés e braços. Tão lindos seios por sob a cor verde de seu vestido... Tão firmes. Vê-los era como braille, eles pareciam olhar para mim e o corpo da bailarina me esquentava com sua dança.

Nunca pensei fazer amor da platéia para o palco, nunca me imaginei tão atraído por cabelos ruivos e curtos. Nunca pensei poder haver alguém tão sensual no mundo que com pequenos e graciosos gestos me sublimou.

Nunca pensei que pudesse haver a perfeição, ainda mais quando se fala de mulheres!

Émille Araújo.

domingo, 28 de março de 2010

Geeente!
Desculpa por eu não ter postado nada ontem, nem hoje!
Vou vê se posto algo até terça!
Não tive tempo, nem texto.

Beeeijos!

Émille Araújo.

sábado, 20 de março de 2010

O texto

O texto escrito é um artifício usado pelos tímidos ou por aqueles que não seriam ouvidos se falassem, ou ainda pelos tolos que mal sabem a grandiosidade e a importância de uma palavra quando falada; emitida sonoramente ou silenciosamente através de um olhar, de um sorriso ou mesmo de um gesto.

Textos são muitas vezes usados por aqueles que não têm coragem de dizer o que pensam na hora que desejam e, por isso, se escondem por trás das palavras não ditas que não possuem a expressividade da voz ou mesmo da face. Mas você deve estar se perguntando: “E as pontuações?! Exclamações, pontos, interrogações... elas de nada servem? E o uso das figuras de linguagem? Também não fazem parte dessa tentativa de expressão que há no texto, na linguagem escrita?

É meu caro leitor...

Um texto pode lhe provocar risadas, lhe fazer chorar, lhe trazer tristeza, lhe causar angustia, lhe instigar a fazer algo, lhe dar apoio, lhe fazer companhia, lhe fazer sentir-se culpado, entre muitas outras coisas. Mas, esse também pode ser inútil se não for bem redigido ou não compreendido, é possível que quem o leia, não seja quem o deve ler. Ou seja, cada texto tem sua interpretação, ou seriam suas interpretações? Isso já depende de quem o lê e do tipo de texto que se lê. Mas essas já são outras explicações.


Émille Araújo.

sábado, 13 de março de 2010

Por que viver tem como premissa a dor, o sofrer?
Tanta gente eu já vi, ouvi, conheci...
Onde eles foram? Todos...

O CICLO

Nadei, nadei, nadei...
Encontrei meu caminho, entrei, ganhei...
Vi tuas mãos brancas de plástico...
Vi a luz pela primeira vez...
Nasci!
Cresci, te vi, ouvi, falei, cheirei, senti...
Conheci tantos,
Ficaram tão poucos.
Sofri com tanta dor
E agora?!
Será que acabou?
Repete, repete, repete...
Quantos mais vão vim?
E quando estiver perto do fim?
Acho que não vai haver ninguém pra me ouvir...
A escuridão eterna chega,
Me despeço de quem?
Ninguém!
Acabou
FIM .

Émille Araújo.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

“De você sei quase nada”

A vida é um turbilhão de emoções, é como um campo minado para as decisões. É um filme sem final, um enredo descompensado, um trailer mal elaborado e, assim, sobre o travesseiro repousa minha mente e minhas lágrimas.

Pergunto-me por que te quero tanto se sequer estou apaixonada?!

Não te quero ter, nem mesmo quero te querer, pois bem sei que tu vais me deixar depois dos beijos, dos abraços e carinhos...depois das melodias de dias tão lindos.

Mas tuas mãos sabem me envolver nos teus abraços, tuas palavras soam em arrepio nos meus ouvidos como se tivesse me beijado o pescoço. Não sei o que está acontecendo, tão pouco sei sobre você, tão menos sabes tu de mim...

Tu me conquistou, me fez suar com tua presença ardente quando apenas conversávamos... Difícil é explicar como tudo aconteceu sem nada haver de verdade.

Coisas que nem mesmo a razão consegue explicar, quem dirá o coração.

Tentarei ficar na minha vida, deixarei você na sua... Peço que não me venhas mais provocar, porque aí eu não terei mais como argumentar à minha defesa, nem lutarei por ela mais com tanta avidez... Afinal, foste tu que me tentou.

Émille Araújo.