sexta-feira, 25 de junho de 2010

Sufoco

Em ritmo de copa...
O jogo estava de 2x1. Já era final do segundo tempo quando liguei a televisão e comecei a assistir a emocionante disputa entre Itália, atual campeã mundial e única seleção com possibilidade de alcançar o Brasil no número de títulos na copa; e Eslováquia, disputando a primeira copa como país independente.
Estes começaram sua história do futebol mundial em grande estilo. O jogo já estava praticamente decidido quando o último gol esloveno foi marcado, já depois dos 43 do segundo tempo. Mas, eis que surge um italianinho e renova as esperanças do time, gooool da equipe azul. O jogo tava pra acabar, menos de 5 minutos para o apito final, já era a prorrogação.
Os eslovenos estavam em desespero, tentavam prender a bola nos pés de qualquer jeito. Jabulani não podia chegar à pequena área do goleiro Jan Mucha, nem tampouco balançar a rede. Agora, encostados no placar, os guerreiros italianos partiram para cima dos estreantes, que, a cada minuto, agradecia em pensamento não sofrer o gol de empate, o qual classificaria a Azzurra.
A Eslováquia não esperava mais esse sufoco no final da partida. Os jogadores suavam frio na expectativa de ouvir o silvo do juiz apontando o centro do campo. Mas o comando daquele, que anda com os cartões no bolso e o apito na boca, era justo.
Não tinha jeito, ele decidiu mesmo acabar o jogo no tempo que determinou. Até lá, os últimos 3 minutos pareciam não ter fim, era mais fácil chegar a 52 do que a 50, quando acabou o jogo. Tentou-se de todo jeito colocar o tempo pra correr. Foi substituição, queda nas divididas, mas não adiantava. Os eslovenos não são deuses, não podiam controlar o tempo, o grande poderoso aqui é o juiz.
Surge, neste cenário cercado de tensão a última oportunidade da seleção tetracampeã de 2006. É... Não houve muitas mudanças de lá pra cá. A bola percorre uma trajetória perfeita no lançamento, os pés daquele, que pode ser nome do jogo e redentor da nação italiana, alcançam a bola. Um toque. A equipe do banco de reservas, treinador, preparador físico, todos já corriam para o abraço, o gol era evidente. A tão famosa bola da copa 2010 tinha que entrar. Mas, a comemoração foi adiada, por pelo menos quatro anos. Ele chutou para fora e se desesperou ao ver Jabulaaaaani cruzar a linha de fundo.
Canavarro ainda perguntou em gestos, “quanto tempo?”. Não dá mais, o juiz que após os acréscimos foi controlando todas as paradinhas no relógio, apitou o final do jogo no tempo que ele determinou. De um lado, comemoração e pulos de alegria, é um feito histórico. Do outro, choro e faces desoladas, que pareciam não crer na derrota. É assim que a Itália sai de campo e dá adeus ao campeonato.

Émille Araújo.